terça-feira, 23 de abril de 2013

"O Segredo de Sophia" de Susanna Kearsley


Carrie McClelland é uma escritora de sucesso a braços com o pior inimigo de qualquer artista: um bloqueio criativo. Em busca de inspiração, ela decide mudar de cenário e visitar a Escócia, onde se apaixona pelas belas paisagens e pelo Castelo de Slain, um lugar em ruínas que lhe transmite uma inexplicável sensação de pertença e bem-estar. Tudo parece atraí-la para aquele lugar, até mesmo o seu coração, que vacila sempre que encontra Graham Keith, um homem que acaba de conhecer mas lhe é, também, estranhamente familiar. Com o castelo como cenário e uma das suas antepassadas - Sophia - como heroína, Carrie começa o seu novo romance. E rapidamente dá por si a escrever com uma rapidez invulgar e com um imaginário tão intrigante que a leva a perguntar-se se estará a lidar apenas com a sua imaginação. Será a "sua" Sophia tão ficcional como ela pensa? À medida que a sua escrita ganha vida própria, as memórias de Sophia transportam Carrie para as intrigas do século XVIII e para uma incrível história de amor perdida no tempo. Depois de três séculos de esquecimento, o "segredo de Sophia" tem de ser revelado.

"O Diabo e a Gemada" de Sveva Casati Modignani

 
 
Autobiografia 
Com um forte odor a comida, comida italiana, feita, na sua grande maioria por sobras e por aquilo que conseguiam muitas vezes comprar no mercado negro, Sveva vai desenrolando a história da sua infância, até aos 10 anos, dando-nos a conhecer os momentos de privação durante os tempos de guerra, mas também a sua vida enquanto criança numa quinta na Lombardia. Resultado: um livro forte em tradições, pleno de boas receitas, que constituem boa parte do livro, e algumas privações no seio de uma família que desejava, acima de tudo, dar o ar de abastada. Com uma educação bastante severa (não se livrava de receber umas valentes palmadas), Sveva guarda melhores recordações da avó, com quem viveu grande parte da sua infância, do que da sua mãe que nunca demonstrou o interesse de ter filhos. No entanto, não era isso que a impedia de fazer tropelias, próprias de infância, que levavam a avó a dizer que tinha o diabo no corpo. Oriunda de uma família profundamente religiosa, não admira que a avó trouxesse muitas vezes padres para examinarem a neta. Um livro de memórias, mas também com episódios caricatos que me fizeram soltar o riso em algumas partes.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

"A Rapariga Que Roubava Livros" de Markus Zusak



Quando a morte nos conta uma história temos todo o interesse em escutá-la. Assumindo o papel de narrador em A Rapariga Que Roubava Livros, vamos ao seu encontro na Alemanha, por ocasião da segunda guerra mundial, onde ela tem uma função muito activa na recolha de almas vítimas do conflito. E é por esta altura que se cruza pela segunda vez com Liesel, uma menina de nove anos de idade, entregue para adopção, que já tinha passado pelos olhos da morte no funeral do seu pequeno irmão. Foi aí que Liesel roubou o seu primeiro livro, o primeiro de muitos pelos quais se apaixonará e que a ajudarão a superar as dificuldades da vida, dando um sentido à sua existência. Quando o roubou, ainda não sabia ler, será com a ajuda do seu pai, um perfeito intérprete de acordeão que passará a saber percorrer o caminho das letras, exorcizando fantasmas do passado. Ao longo dos anos, Liesel continuará a dedicar-se à prática de roubar livros e a encontrar-se com a morte, que irá sempre utilizar um registo pouco sentimental embora humano e poético, atraindo a atenção de quem a lê para cada frase, cada sentido, cada palavra. Um livro soberbo que prima pela originalidade e que nos devolve um outro olhar sobre os dias da guerra no coração da Alemanha e acima de tudo pelo amor à literatura.